sábado, 3 de julho de 2010

Uma vassoura e um pano de chão estão dando um nó na minha cabeça....

Não há como não comparar as coisas daqui com as daí. Às vezes dá trabalho saber o que está certo, o que "não tem problema", o que é novidade, o que "todo mundo deveria fazer" e o que de fato não está certo.

Passei a ser membro de uma igreja. Conforme já escrevi abaixo no post "A igreja que imporessiona", aqui a igreja é diferente, muito diferente da igreja daí. Falo da igreja-organização. Se quiser dizer igreja-corpo, bem, também não tem nada a ver com o que é aí; mas não escreverei sobre isso neste blog. Quem quiser conversar a respeito, vai ter que olhar nos meus olhos! hehe

Mas voltando à igreja-organização: domingo próximo passado fui sozinha participar do culto. Seria minha primeira vez dirigindo até lá e sem GPS, pois o esposo estava trabalhando com o som em uma cidade longe e precisou levar consigo o equipamento. Eu então fui sozinha, após um passeio com o meu amiguinho quadrúpede. Como sempre, passei sem ser muito notada hehe. Mas o interessante veio mais tarde.

Voltei para casa, almocei, sentei para ver jogo. O esposo ligou a internet de onde estava e ficou online comigo um pouquinho. Ele me encaminhou um e-mail. Comecei a ler.... gosto de ler devagar. E fui também devagar percebendo que havia "alguma coisa errada que não estava certa". Mas vamos por partes.

Era um e-mail de uma pessoa da igreja. O ministério dele é como uma espécie de patrimônio. Ele trabalha com a limpeza do local. A princípio ele pedia nossas datas de nascimento e também meu e-mail, mas depois ele mudou de assunto e começou a falar sobre a limpeza. E aí veio a parte engraçada: nós já estávamos escalados para limpar a igreja em "alguma semana de setembro" e além do mais, todas as famílias limpam a igreja em média 2,5 vezes por ano.

A primeira coisa que pensei foi "ainda bem que a Betel não pede isso aos membros", pois demoraria bastante para terminar. Ofereci mil habilidades, talentos e dons, conhecimentos e experiências, vontades e expectativas para ajudar no ministério. Mas sem que ninguém nos perguntasse, fomos escalados para o que "todo mundo 'tem' que fazer". Quando pedi para tocar, me disseram que já tinham 2 pessoas tocando. Se há tanta gente na igreja, por que eu preciso limpar? Ninguém me perguntou se eu gosto de limpar, se eu quero limpar. Apenas é para eu ir lá limpar. As pessoas raramente dão bom dia. Eu sou invisível, mas não para limpar.

O fato é que a igreja não contribui o suficiente para contratar alguém para limpar, ou , talvez utilize essa verba para outros fins e então chame os membros para fazer a limpeza. Eis o grande choque cultural... mas pisa no fio da navalha do choque espiritual.

Talvez isso não devesse ser nenhum mistério, mas por alguma razão, não desce pela minha garganta e cada vez que lembro, volta o sabor esquisito e viscoso do e-mail e de tudo o que ele representa.
Vou tentar escrever ...
Bom...o que aconteceu:
Primeiro: o líder fala, e os outros obedecem. Simples assim.
Segundo: não pergunta se eu quero ou se posso. Já estou escalada.

Agora o que eu estou pensando a respeito.
Primeiro: por que eu?
Segundo: devem estar precisando de gente, pois em uma semana como membro já recebi tal tarefa, sendo que mal sabem da minha existência.
Terceiro: será que querem me integrar? mas vai ser do jeito deles ou vão querer saber como eu funciono primeiro?

O que pensam as outras pessoas com quem compartilhei.
Primeiro: como assim? Você só pode estar brincando.
Segundo: Que absurdo

O que eu penso que Cristo pensa a respeito.
Primeiro: eu não tenho a menor idéia
Segundo: pensei em Salmo 100:2 -"Servi ao Senhor com alegria" e outros textos sobre serviço.
Terceiro: é para eu começar do zero mesmo!
Quarto: é mais uma lição para eu aprender a me desligar de certas coisas e pessoas e me ligar em Cristo, pois a limpeza também beneficia a igreja-corpo de Cristo.
Quinto: quem vai lá para a África também tem que pisar no chão duro, dormir mal, comer mal, tem que limpar um monte de coisa... na igreja perseguida, então...
Sexto: talvez através disso eu vá conseguir a confiança das pessoas e vou poder exercer os meus dons.
Sétimo: continuo não admitindo que tenha que limpar a igreja, mas Deus está vendo isso. Não sei se Ele está concordando ou se isso faz alguma diferença, frente à grandeza do universo.
Oitavo: eu não estou nem um pouco motivada a ir fazer isso, nem feliz por ter recebido essa tarefa. Será que sou uma Jonas?
Nono: isso é um conflito cultural ou um conflito eclesiástico? Pois no Brasil isso é um absurdo. Aqui, parece não ser... Somos mais ou menos irmãos aqui ou aí?
Décimo: por que essa coisa me chateia?
Décimo primeiro: por que o responsável pela limpeza não veio falar comigo, uma vez que ele me viu na igreja e é um dos poucos que alguma vez falou comigo?

Pensando em tudo isso e em tudo o que se tem aí... pensei mais uma vez, inevitavelmente... aí, eu sou membro de um paraíso.... Quem congrega aí, está num paraíso. Quem lidera aí, idem.

Enfim, um nó cego. Ainda bem que setembro está relativamente longe....

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